Esse artigo é resultado de um estudo exploratório que trabalha com a observação empírica de possíveis redes sociais na internet, a partir da pesquisa dessas redes, posteriormente absorvida pela sociologia, sob a perspectiva da análise estrutural. A autora inicia discorrendo justamente sobre o paradigma dessa análise, mostrando que os primeiros passos da teoria das redes encontram-se principalmente nos trabalhos do matemático Ëuler que criou o primeiro teorema da teoria dos grafos. Um grafo é uma representação de um conjunto de nós conectados por arestas que, em conjunto, formam uma rede.
Como essa visão possui uma característica intrinsicamente interdisciplinar, muitos passos importantes na descoberta de propriedades e leis dos fenômenos foram dados em outras ciências, como a biologia
e a física. O estudo de redes sociais "reflete uma mudança do individualismo comum nas ciências sociais em busca de uma análise estrutural". Para ir além, a análise das redes sociais busca focar-se em novas "unidades de análise", tais como relações, laços sociais, multiplexidade, entre outros.
e a física. O estudo de redes sociais "reflete uma mudança do individualismo comum nas ciências sociais em busca de uma análise estrutural". Para ir além, a análise das redes sociais busca focar-se em novas "unidades de análise", tais como relações, laços sociais, multiplexidade, entre outros.
Partindo dessa perspectiva, a análise estrutural das redes sociais procura focar na interação como primado fundamental do estabelecimento das relações sociais entre os agentes humanos, que originarão as redes sociais, tanto no mundo concreto, quanto no mundo virtual. Isso porque em uma rede social, as pessoas são os nós e as arestas são constituídas pelos laços sociais gerados através
da interação social. Quando se trata de analisar a interação através da mediação do computador, portanto, é necessário que exista um locus onde essa interação possa e efetivamente aconteça.
da interação social. Quando se trata de analisar a interação através da mediação do computador, portanto, é necessário que exista um locus onde essa interação possa e efetivamente aconteça.
A questão crucial para a compreensão dessas redes sociais passa pela sua dinâmica de sua construção e manutenção. Portanto, a novidade das novas abordagens sobre redes e sua possível constribuição para o estudo das redes sociais está no fato de perceber a estrutura não como determinada e determinante, mas como mutante no tempo e no espaço. Pensando sobre como se formariam as redes sociais, matemáticos demonstraram que bastava uma conexão entre cada um dos convidados de uma festa, para que todos estivessem conectados ao final dela.
Observando as redes sociais como interdependentes umas das outras, é palusível perceber que todas as pessoas estariam interligadas umas às outras em algum nível. O sociólogo Stanley Milgram, na década de 60, foi o primeiro a realizar um experimento para observar os graus de separação entre as pessoas. Outra importante contribuição para o o problema da estruturação das redes sociais foi dada pelo sociólogo Mark Granovetter (1973). Em seus estudos, ele descobriu que chamou de laços fracos (weak ties) seriam muito mais importantes, na manutenção da rede social do que os laços fortes (strong ties), para os quais habitualmente os sociólogos davam mais importância.
Cada um de nós tem amigos e conhecidos emvários lugares do mundo, que por sua vez, têm outros amigos e conhecidos. Em larga escala, essas conexões mostram a existência de poucos graus de separação entre as pessoas no planeta. Além disso, eles mostraram que bastavam poucos links entre vários clusters para formar um mundo pequeno numa grande rede, transformando a própria rede num grande cluster.
As redes não seriam constituídas de nós igualitários, ou seja, com a possibilidade de ter, mais ou menos, o mesmo número de conexões. Ao contrário, tais redes possuriam nós que seriam altamente conectados (hubs ou conectores) e uma grande maioria de nós com poucas conexões. Os hubs seriam os "ricos", que tenderiam a receber sempre mais conexões. As redes com essas características foram denominadas por ele "sem escalas".No mundo real, as redes costumam exibir um grau de distribuição (conectividade) variado, que não necessariamente funcionam num modelo ou outro.
Os sistemas funcionam com o primado fundamental da interação social, ou seja, buscando conectar pessoas e proporcionar sua comunicação e, portanto, podem ser utilizados para forjar laços sociais. Em princípio, o Orkut parece demonstrar a existência de redes sociais amplas, altamente conectadas, com um grau de separação muito pequeno, exatamente como o previsto no modelo de Watts e Strogatz. É possível, inclusive visualisar os "atralhos"ao visualizar perfis de desconhecidos. Entretanto, com uma observação um pouco mais detalhada, percebe-se que a maioria das "distâncias"
entre os membros do sistema é reduzida pela presença de alguns indivíduos, que são "amigos de todo mundo".
entre os membros do sistema é reduzida pela presença de alguns indivíduos, que são "amigos de todo mundo".
A dinâmica do estabelecimento dos laços sociais como a de "ricos que ficam mais ricos" é de difícil análise neste software. Isso porque as pessoas populares atuam voluntariamente no estabelecimento de conexões, não sendo possível falar em "conexão preferencial", na medida em que não são os novos nós que se conectam aos hubs, mas estes que se conectam aos novos nós com o objetivo de aumentar a popularidade.
Blogs e Fotologs também apresentam umcampo interessante de estudo das redes sociais, na medida em que tambémpossuem uma lista de "amigos"ou "blogs/fotologs"favoritos, bem como mecanismos de interação, tais como ferramenta de comentários, trackbacks e emails. Nesses sistemas é mais fácil observar a interação, na medida em que ela se dá de maneira repetida: As pessoas efetivamente "conversam"através de comentários.
A comunicação mediada por computador pode ser muito eficiente no estabelecimento de laços sociais porque facilita sua manutenção. Basta um comentário em um blog ou fotolog, um e-mail ou uma breve conversa no ICQ e já se mantém um laço social xistente. Portanto, parece-nos que a CMC pode facilitar a constituição de laços fracos e fortes.
Os modelos apresentados, apesar de afirmarem sua aplicabilidade para as redes sociais, falham em levar em conta as premissas mais básicas da análise social. Além disso, apresentam falhas na aplicação às redes sociais na Internet, em grande parte, devido à sua natureza matemática e pouco investigativa do teor das conexões e da não presunção de interação para a constituição do laço social.
Até mais!
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